sábado, 22 de maio de 2010

O primeiro texto

É como estreia na Copa do Mundo.
Depois de tanta expectativa, do coro da torcida, da convocação da galera, chegou a hora.
Estádio lotado, corações ligados, emoções flutuantes.
O juiz apita e a bola começa a rolar...
Nos primeiros minutos, ela queima nos pés...
Toque para os lados a fim de evitar que as palavras fujam...
O ponto parece a trava da chuteira do adversário.
A vírgula se desloca, sai da posição e o contra-ataque é imediato...
O texto se confunde.
Bola na linha de fundo...
Ufa !
O goleiro recoloca o ponto nos "is"...
O passe ainda está inseguro.
A bola desliza demais. O teclado escorrega.
O gramado se parece com uma folha em branco
que parece aumentar a cada toque, a cada passe, a cada sonho...
Há um silêncio respeitador nas arquibancadas.
De onde sairá a primeira grande jogada ?
Que sentido tem tudo isso ?

As palavras se apresentam.
As jogadas parecem se encadear.
Ideias se formam.
Passes rápidos, sílabas conectadas...
A metáfora é um drible no dicionário.
Zagueiro caído. A torcida se levanta.
O goleiro adversário se aproxima.
Em décimos de segundo, a procura pela palavra certa.
Sujeito e predicado, combinação precisa..
O toque é dado com carinho...
Como se diria antigamente, na ponta da pena....
Como se fosse em cãmera lenta, dura uma eternidade...
Uhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!
A bola bate caprichosamente na trave...
Mas a esperança pela vitória,
o texto perfeito, não acabou...
Ainda tem muita bola pra rolar...

O futebol explica tudo...
Até mesmo quando queremos dizer alguma coisa numa manhã sem muita inspiração.

Ricardo

2 comentários:

Letícia disse...

Ricardo, imagino quando você estiver inspirado, meu amigo!

Você é craque em mesclar poesia e futebol.

Belíssimo texto.

Beijos.

Bia Prado disse...

Finalmente ele estreou!!!
Lindo texto mesmo!